sábado, 6 de novembro de 2010

A Poética: a primeira estética da arte dramática

Em "A Poética", Aristóteles construiu a primeira estética da arte dramática. Nela acham-se definidos os seis elementos essenciais da obra teatral. A saber: o Pensamento, a Fábula, o Caráter, a Linguagem, a Melodia e a Encenação. Além disso, todos os seis elementos deveriam estar subordinados à regra de três unidades: Ação, Tempo e Lugar. Vejamos cada um desses elementos definidos por Aristóteles:

O Pensamento – é através do Pensamento que o autor firma sua posição diante dos valores da época e da sociedade em que vive. O Pensamento condiciona-se à época, ao tipo de público a que se destina, ao objetivo da mensagem.

A Fábula – a Fábula é descrita por Aristóteles como a “imitação da ação, toda a estrutura dos incidentes”. Constitui a trama, por meio da qual o dramaturgo expõe e desenvolve os acontecimentos, estabelecendo também o climax e o desenlace.

O Caráter – é o elemento do texto referente às personagens. O teatro grego criou dois termos para designar caracteres opostos: “protagonista” (herói) e “antagonista” (vilão). Aristóteles exigia que o caráter fosse “bom a sua maneira, apropriado, real e coerente”, isto é, verossímil e, ao mesmo tempo, compreensível. Os dois caracteres conflitantes (o vilão e o herói) perduraram até o século 19, quando se passou a considerar o homem como produto do meio, nem inteiramente bom, nem inteiramente mau em si mesmo – apenas humano, ambíguo, com qualidades e defeitos proporcionais.

A Melodia – partindo do interior do próprio verso, a melodia acompanhava toda a tragédia, acentuando-se ainda mais no Coro, que tecia comentário sobre as cenas e o comportamento das personagens. Por se constituir talvez no mais grego dos elementos dramáticos, a Melodia, na forma concebida por Aristóteles, não sobreviveu à tragédia. No entanto, o teatro moderno deve ao Simbolismo, no final do século 19, a reintegração da música no drama. Mas foi, de fato, Bertolt Brecht quem restituiu à música sua importância orgânica. Ele introduziu canções em suas peças para quebrar a tensão e o envolvimento do espectador e restabelecer a consciência de que tudo o que se passa num palco é pura ficção e não realidade.

A Linguagem – exprimindo o estilo do autor e formalizada através do texto, a linguagem permitiu que o teatro superasse o improviso do ator e se constituísse também como literatura. Com isso os gregos instituíram o teatro de texto. Embora literatura, o texto teatral estabelece exigências específicas: ao contrário do romancista, o dramaturgo emprega diálogo com um encadeamento próprio, objetivando revelar o personagem interpretado pelo ator (suas emoções, visões de mundo, ambivalências, etc). Muitas vezes a interpretação e os aspectos da encenação (cenários, objetos cênicos, indumentária, luz, música) predominam durante na ação teatral. Mas quase sempre é o texto que prevalece, sugerindo com maior ou menor intensidade o pensamento orientador, a idéia essencial, a partir da qual o diretor regerá todo o espetáculo.

A Encenação – é a fusão de todos os outros elementos explicitados acima. Isto é, a arte do dramaturgo só adquire vida ao ser animada pelo momento de fusão da encenação, onde todos os elementos se fundem formando um todo, o espetáculo. Aqui o trabalho do diretor e, sobretudo, do ator ganham relevo. Pois é o ator quem empresta ao texto plenitude física e emocional, usando o corpo, conjugando a voz e comunicando ao público a personagem e o trama que o autor escreveu.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Exercício 1 - Da música ao texto

Aqui, o desafio era escolher uma música, e, a partir dela, escrever um texto teatral. Eis o resultado:



Obs: se não conseguir visualizar o arquivo na tela, acesse-o AQUI.

Cena I

A primeira tarefa foi durante o encontro inicial. Criar um texto coletivo, onde oito personagens estavam em um apartamento. Assim, sem muitas explicações. Eis o resultado:


Cenário – Um apartamento
Cena – 8 pessoas no apartamento

J – Oi?
Geraldinho – Oi o que? Não entendeu o que eu disse?
D. Maria – Ele nunca entende nada mesmo!
Ana – Calma, calma, a gatinha dele fugiu.
João – Isso não é motivo para você fique no mundo da Lua e não preste atenção na conserva.
Lia – Vamos falar mais baixo, isto aqui parece uma feira.
V – O que estamos fazendo aqui?
Ale – Sinceramente não sei. Mas vocês não param de falar para que possamos raciocinar e descobrir.
I – É necessário o verbo, a ação da fala para a razão intuitiva para a transformação.
J – Olha, vamos fazer o seguinte...
Lia – O seguinte, o cacete, você não aparece aqui um tempão, e vem com essa cara de pau?
João – Calma, Lia, vamos saber o que “V” está querendo.
V – O importante não é o que eu quero, ou o que nós queremos, mas sim o que vamos fazer para resolver esta situação, não é, Ana?
Ana – Quem sabe é D. Maria.
D. Maria – Para mim só existem duas opções: ou saímos para jantar ou pedimos uma pizza mesmo.
Geraldinho – Olha, ninguém está falando coisa com coisa. Vou beber mais um pouco pra ver se eu entendo o que vocês falam. Me deixem quieto, pô!!!
Ale – Por que essa droga de janela não abre? Parece que está emperrada.
I – Deixa eu te ajudar. Assim a gente recupera o ar.
Ale – Quem foi que fechou a janela? Quando chegamos aqui já estava fechada?
Geraldinho – Então já dá pra saber que o tal do gato não saiu pela janela... Por onde foi? Alguém sabe?
Lia – Mas, que droga vocês estão se importando por onde o gato saiu? Ô, João, o que você acha?
João – O gato morreu, então vamos todos para a pizzaria.

Prólogo

Este blog contém os textos produzidos durante a Oficina de Dramaturgia: "A construção do Texto Teatral", realizada na Oficina Cultural Regional Pagu entre 16/10 e 11/12/2010, sob os auspícios do Governo do Estado de São Paulo, e coordenada por Jorge Mendes.
Serve principalmente como espaço de interação entre os participantes e os leitores, aos quais solicitamos que não se furtem em tecer comentários, sugestões e eventuais críticas. Boa Leitura!